A missão de levar a devoção a Nossa Senhora ao mundo

No dia 07 de dezembro de 1927, véspera da Solenidade da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem, um sacerdote franciscano inaugurou um mosteiro em um campo localizado a 42 quilômetros a Oeste de Varsóvia (Polônia). O humilde religioso era São Maximiliano Maria Kolbe, e a fundação viria a ser o maior convento do mundo e uma das obras mais notáveis da Evangelização através dos meios de comunicação no século XX. Era Niepokalanów, a "Cidade da Imaculada", materialização de um sonho apostólico que o Santo polonês desejava estender por todo o mundo.

São Maximiliano Kolbe

A ferramenta para fazer florescer desta maneira uma obra com início humilde foi a obediência completa à Santíssima Virgem, núcleo fundamental da espiritualidade de São Maximiliano Kolbe, que ele se esforçou em inculcar naqueles que guiou espiritualmente.

"A chave não é atuar de acordo com as nossas ideias, mas estar em suas mãos. Ela pode alcançar melhor a glória de Deus, enquanto nós arruinamos muitas coisas. Tudo depende de nossa perfeita docilidade a Ela".

Esta disposição se fazia prática em uma esmerada observância da regra franciscana e uma terna devoção mariana que animava a vida no mosteiro que chegou a albergar 772 religiosos em 1939.

Intensa atividade apostólica

Esse vasto número de monges tinha um grande trabalho a fazer. A Cidade da Imaculada, além de ser um refúgio de oração, era o quartel-general de um intenso trabalho evangelizador. Ali se imprimia o Cavaleiro da Imaculada, uma revista que motivava a devoção de milhares de fiéis e sua Consagração à Santíssima Virgem, além de muitas outras publicações que chegaram a incluir um informativo noticioso impresso, a partir da perspectiva católica.

Antes da Segunda Guerra Mundial o mosteiro teve três rotativas e sete monotipos e linotipos. O monumental trabalho requeria 1600 toneladas anuais de papel e imprimia um total de 60 milhões de cópias.

Este modelo de vida religiosa de oração profunda e árduo trabalho apostólico nos meios de comunicação foi estendido por São Maximiliano ao Japão. Na cidade de Nagasaki, edificou o Mugenzai no Sono, o "Jardim da Imaculada", de onde também era feita a distribuição do Cavaleiro da Imaculada, publicação mariana com a qual o Santo pretendia ganhar os corações dos crentes e não crentes: .

O próprio São Maximiliano Kolbe se mudou ara Nagasaki em 1930 e trabalhou como professor no Seminário, enquanto sua obra avançava. Seu zelo apostólico o levou a projetar obras similares na Índia e a propor-se a, algum dia, publicar em árabe, hebreu e qualquer língua que lhe permitisse ganhar almas para Deus através da Santíssima Virgem.

O grande projeto de São Maximiliano Kolbe

"Creio que em cada nação uma Cidade da Imaculada deveria surgir, para permitir a Ela usar todos os meios, incluindo os mais modernos, porque as invenções deveriam ser empregadas primeiro em servir-La, já seja nos negócios, na indústria, nos esportes etc. E, inclusive o rádio, o cinema, em resumo tudo o que possa ser descoberto e que possa iluminar nossas mentes e inflamar nossos corações".

Essa Consagração total, não só das pessoas mas de todos os meios e ofícios, era a meta da Milícia da Imaculada, com a qual São Maximiliano Kolbe desejava tomar espiritualmente o mundo inteiro.

As expressões do santo sobre sua visão do mundo falam de um autêntico reinado da Santíssima Virgem, de milhões de almas entregues a Ela sob uma doce escravidão que só tinha por objetivo permitir à Mãe Celestial levá-las ao encontro de Jesus Cristo e empregá-las para a salvação de todas as demais pessoas. Cada devoto consagrado a Nossa Senhora tinha em sua submissão a chave para transformar o mundo.

"Uma curta invocação, enquanto trabalhamos, é a melhor oração. E isto é muito conveniente porque estamos constantemente unidos, em uma forma mais íntima, à Imaculada, como um instrumento nas mãos da Senhora, de forma que obtemos a graça da iluminação do intelecto (para compreender a sua vontade) e o poder da vontade (para alcançá-la)", 

Uma Cidade da Imaculada em cada nação, um exército de fiéis devotos estendendo o reinado espiritual da Mãe de Deus por toda a Terra e todos os meios e tecnologias postos a serviço de Deus e resgate das almas. Este era o sonho de um santo que não hesitou em morrer para salvar a vida de um pai de família, num campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

A elevada missão que lhe foi encomendada, ele bem sabia, não dependia dele a sua sobrevivência, mas d'Aquela que o havia chamado à luta pelo Reinos dos Céus.