Afinal, o que é a Consagração a Nossa Senhora?

Por ocasião da última cerimônia de Consagração a Nossa Senhora, muitos que tiveram notícias dessa celebração pelas redes sociais formularam diversas perguntas sobre o seu significado. Afinal, o que é essa entrega?

Falíveis e inconstantes

A Consagração a Nossa Senhora é um ato de profunda sabedoria. Percebemos em nós, muitas vezes, o estigma do pecado original. Somos como Esaú, trocamos nosso direito de primogenitura por um prato de lentilhas – ou até por menos!

A graça de Deus é um dom infinito, é sua própria Vida em nós. E abrimos mão dela por meros pecados: uma mentira, um mau olhar, um desrespeito às autoridades, sejam elas pais, professores, encarregados.

Ou nos deixamos levar pela sensação prazerosa que não dura mais que um instante: um ato de gula que nos prejudicará no futuro, uma ato de inveja que nos fará ficar tristes, um ato de orgulho vazio que nos deixará envergonhados mais tarde.

Em dado momento, conscientes de nossa falibilidade, nossa fragilidade e nossa inconstância, olhamos para a perfeição de Maria. Ela, mais do que ninguém, soube corresponder plenamente à vontade de Deus. Assim, como num acordo, tomamos a decisão de nos dar inteiramente a Ela, para que Ela nos guie e nos conduza. Isto é a Consagração, um ato de humildade, de  sabedoria  e de amor.

Por que a Consagração é a Nossa Senhora e não a Jesus ou a outros santos?

A proposta de São Luís, através do método da Consagração apresentado em seu livro, o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, é a "Consagração a Jesus pelas mãos de Maria”. Ou seja, entregamo-nos, em última instância, ao Deus Encarnado, o único Mediador entre Deus e os homens, só que fazemos isso seguindo o caminho que Ele próprio escolheu.

Jesus veio até nós por Maria, ora, é justo irmos a Ele  também por Maria. Jesus é a Sabedoria Eterna Encarnada, e, se Ele quis começar sua obra redentora por Maria Santíssima, quem somos nós para rebatê-lo?

Podemos também nos consagrar a outros santos, mas devemos lembrar sempre: Nossa Senhora é a Medianeira Universal, ou seja, todas as graças passam por Ela, todas as preces passam por suas mãos antes de chegarem a Deus. Assim, em determinado momento, a consagração feita aos santos passará pela devoção a Maria e, consequentemente, pela consagração a Ela.

O que a Consagração significa? A que ela exige de nós?

A partir do momento que nos consagramos, tornamo-nos escravos de amor. Escravidão, uma palavra tão conspurcada pela humanidade, é, porém, o termo ideal para descrever nossa relação com Maria.

Ela será Senhora de nossos pensamentos, palavras e ações, mas também passaremos a ter direito a seus méritos: Cristo nos tratará como se fôssemos uma parte d'Ela. E não há coisa que Jesus mais ame que sua Santíssima Mãe! A tal ponto que, em sua vinda à Terra, Ele quis passar 30 anos com Ela e somente três anos em pregação. 

A Consagração a Nossa Senhora nos obriga a parar de rezar pelos outros?

De modo algum! Ser consagrado nos dá um poder de intercessão ainda mais forte. Segundo um exemplo do próprio autor do Tratado, devemos imaginar que doamos todas as nossas riquezas à obra de caridade de uma Rainha. Não é verdade que, quando procurarmos pelo Príncipe, vamos ser especialmente atendidos pela caridade com que agimos para com a Mãe d'Ele? Assim também nós, na Consagração: Deus vendo nossa atitude de entrega completa, nos concede seus dons com mais benevolência, já que Ele nunca se deixa vencer em generosidade.