Eis o Coração que tanto amou os homens

Na sexta-feira da semana posterior ao feriado de Corpus Christi, a Santa Igreja celebra a festividade do Sagrado Coração de Jesus. Foi o próprio Homem-Deus que, aparecendo a santos e santas, em especial a Santa Margarida Maria Alacoque, pediu esta comemoração em honra de seu amor eterno.

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Neste artigo, nós vamos repassar algumas das invocações preparadas por membros piedosos do Corpo de Cristo, concatenadas em uma ladainha denominada Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.

Introdução e Premissa

Toda ladainha adotada pela Santa Igreja como oração tem um início no qual o fiel pede perdão pelos seus pecados. Afinal, diante de Deus, devemos ter sempre a atitude do cobrador de impostos que, ao ir orar no Templo, não se atrevia a olhar para o altar, por julgar enorme a sua indignidade.

Logo em seguida, louvamos a Santíssima Trindade, mistério essencial para a fé católica. Relembramos as ações de Deus Pai como Criador e Senhor dos Céus; de Deus Filho como Redentor, e do Espírito Santo como o Amor que procede da relação das duas Pessoas Santíssimas, constituindo a Terceira Pessoa.

"Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.

Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Espírito de Amor, que sois Deus, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós"

Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de nós!

Não comentaremos todos os títulos pelos quais o Sagrado Coração de Jesus é invocado, pois a lista é extensa. Vamos repassar algumas invocações com um marcante simbolismo. A primeira que mencionamos é a invocação:

“Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.”

Ela faz menção ao segundo mistério essencial de nossa fé, a Encarnação de Cristo. Sabemos que Nosso Senhor possui duas naturezas, mas somente uma pessoa, o que indica que suas atitudes, suas ações e motivação são divinas, e não puramente humanas.

A invocação também coloca a nossa humanidade em evidência. Cristo desceu do seu trono para nos amparar, assumindo um coração somente para nos amar. É uma certeza que tem potencial para comover todos os seres humanos que já existiram, que existem e que um dia pisarão nesta terra. É a forma mais pura de amor, o amor desinteressado e gratuito, pois nunca poderemos lhe dar algo em troca que seja comparado ao que Ele fez por nós.

“Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.”

A santidade deste coração é tão imensa que não conseguimos ver um limite. As virtudes se encontram nele como em sua origem, a tal ponto que Deus se identifica com elas. Cristo, ao assumir nossa natureza, dá uma ressignificação ao que é ser bom, ao que é ser perfeito. Ele uniu a carne humana à santidade, dando-nos um caminho totalmente novo na prática da virtude.

“Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.”

O que são as colinas eternas, a não ser as almas dos santos? Elas se estendem por quilômetros em direção a Deus, e não param de crescer até sua santa morte. Assim, os santos desejam a Cristo, alimentam-se de sua doutrina e de seu Santíssimo Corpo, e apontam para Ele com seu cume e sua altura monumental.

“Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.”

Por último, além de todas as suas grandiosidades, Cristo é nosso descanso. Ele é nosso eterno amigo, nosso eterno irmão que, na estrada da vida, quando não aguentamos mais, nos pega no colo e nos leva. Não há paz em nenhum outro lugar, a não ser n’Ele.

O Sagrado Coração de Jesus é nossa vitória

Por fim, a ladainha nos dá uma oração final:

“Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, vos tem tributado; e, deixando-vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.”

A celebração desse Coração Santíssimo e de sua Encarnação é, pois, nossa vitória. É a esperança dos sensatos, o deleite dos sábios. Se este Coração nunca tivesse descido até nossas misérias e se compadecido delas, estaríamos perdidos, vagando como cegos guiando outros cegos. Mas Ele está aqui e hoje nós o comemoramos.

Quando Ele apareceu à Santa Margarida, teve um sacro queixar-se: “Eis aqui o coração que tanto amou os homens, e por eles é tão pouco amado”. Nossa meta, portanto, deve ser agradecer e retribuir este divino amor com todas as forças de nossa alma, para que, um dia, Cristo possa se alegrar e dizer:

“Eis o coração que tanto amou os homens e por eles, mesmo que nunca à altura, foi muito correspondido.”