A gratidão, a mais frágil das virtudes, deve fazer-se presente nas páginas de “Arautos do Evangelho”, como manifestação de um sentimento profundo, do íntimo dos corações de seus integrantes, a propósito dos três anos de nossa existência enquanto Associação Internacional de Direito Pontifício.

Sob as luzes do Espírito Santo, as associações eclesiais receberam no atual pontificado um vigoroso estímulo emanado da Cátedra de Pedro, a ponto de se ter iniciado “uma nova era agregativa dos fiéis leigos”, na qual “brotaram movimentos e sodalícios novos, com fisionomia e finalidades específicas” (Christifideles Laici, nº 29).

Com uma visão ampla e penetrante, o Papa João Paulo II soube compreender o quanto

a incidência “cultural” — fonte e estímulo, e, simultaneamente, fruto e sinal de todas as demais transformações do ambiente e da sociedade — só se pode alcançar com a ação, não tanto dos indivíduos, mas de um “sujeito social”, isto é, com a ação de um grupo, de uma comunidade, de uma associação, de um movimento (idem).

Onde não consegue chegar o clero, ali estão os leigos dentro do próprio ambiente, inatingível por uma atuação “ad extra”.

Em geral, essas associações nascem pelo sopro do Espírito Paráclito sobre uma pessoa determinada, ou sobre um pequeno conjunto de homens ou mulheres.

Eles são os primeiros a receberem os carismas que, por sua natureza, possuem um alto grau de comunicabilidade e atraem a seu redor outros tantos também chamados pela mesma graça, a abraçarem determinada missão, dentro das formas de vida, cultura e atuação próprias àquela sociedade nascente.

A passagem do carisma originário ao sodalício, ocorre pelo misterioso atrativo que o fundador exerce sobre quantos participam de sua experiência espiritual (Discurso de João Paulo II aos participantes do Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais, 29/5/1998)

Esta é a razão pela qual “os movimentos reconhecidos oficialmente pela autoridade eclesiástica se apresentam como formas de auto-realização e reflexos da única Igreja” (idem).

Agindo de acordo com sua amplitude de vistas nesta matéria, nosso Papa considerou ser oportuna a concessão de um reconhecimento direto da Santa Sé a certas associações leigas de envergadura internacional. Entre estas, encontra-se a dos Arautos do Evangelho. A ele dirige-se nossa gratidão.

João Paulo II, entre outros títulos, passa para a História como o grande incentivador dos movimentos leigos.

É interessante notar como a importância dessa iniciativa já havia sido objeto da preocupação de um seu ilustre predecessor, São Pio X:

Com o seu conhecimento profundo e extraordinariamente lúcido das necessidades da Igreja, São Pio X perguntou certa vez a um grupo de cardeais: “Qual é, hoje, a obra que vos parece mais necessária à salvação da sociedade? — Edificar escolas católicas, responde um deles. — Não. — Multiplicar as igrejas, continua outro. — Ainda não. — Fomentar as vocações sacerdotais, diz um terceiro. — Não, não, replica São Pio X. No momento presente, o mais necessário é ter, em cada paróquia, um grupo de leigos virtuoso, esclarecido resoluto e apostólico” (apud Dom Jean-Baptiste Gustave Chautard, A alma de todo apostolado).