Ajoelhados e maravilhados, os Reis Magos adoraram o Menino.

N’Ele estava a Santidade incriada e consubstancial ao Pai e ao Espírito Santo, como também a Santidade de sua adorável Humanidade.

Esta Santidade, também chamada de união, nada mais é do que a própria Santidade infinita do Verbo, comunicada substancialmente à sua natureza criada, daí ser aquele Menino infinitamente santo de Corpo e Alma.

De modo diverso do que se passa com os batizados, naquele Menino a graça de união afetava também o seu próprio Corpo, e por isso qualquer ação corporal sua  por exemplo, um sorriso, um movimento de mãos, um olhar, etc.  era infinitamente santa e meritória.

Entende-se, assim, a virtuosa sofreguidão daqueles reis do Oriente à busca do Rei dos judeus. A graça que os movia fazia-lhes sentir uma forte experiência interior de quem era o Ser por eles procurado. Sem esse impulso divino, jamais teriam realizado tão ousada viagem.

Ali encontraram eles um Menino que, ademais, possuía uma santidade habitual conferida pela graça em seu maior grau possível, fazendo d’Ele o Santo dos santos.

Em seus menores e mais comuns atos se refletia o brilho de uma tríplice plenitude: a da graça habitual, a da graça atual e a da generosidade total com a máxima intensidade.

Por isso São Paulo tinha verdadeira paixão em pregar o mistério de Cristo, o sacramento escondido, e a todos manifestar o desígnio salvador de Deus: “Tendes tudo plenamente n’Ele que é a Cabeça de todo principado e potestade” (Cl 2, 10), e “quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1 Cor 3, 11).

Tão pequeno, aquele Menino já era, desde sua concepção, a Cabeça de seu Corpo Místico, como consequência de sua graça capital, fonte de toda graça e de toda glória a ser conferida aos homens.

É em virtude dessa graça capital que aquele Menino é o centro das almas, e, não só os Reis Magos, mas todos devem mover-se em torno d’Ele.

Fora d’Ele nós perdemos o ar, pois Ele é a atmosfera que nos revitaliza, como faz o oxigênio para os pulmões.

Sem Ele, somos sarmentos secos e mortos, separados da verdadeira vide. Não é sem razão que, anos mais tarde, em sua vida pública, Ele dirá: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5).

Adorando-O, sentiram os reis do Oriente uma onda de vida divina pervadir suas sedentas almas, e bem poderiam ter exclamado: “Neste Menino nós vivemos, nos movemos e existimos!”

“Oh magnum mysterium!” O Verbo de Deus quis fazer-Se carne para que sua divindade e sua alma santíssima tivessem um templo digno delas.

Sim, o Menino era um Templo animado, santíssimo e absolutamente divino, um altar, um vaso sagrado, uma admirável custódia.

O Verbo assim o quis, também, para nos dar exemplo de todas as virtudes exteriores. Ele o quis para manifestar a máxima beleza a nossos olhos carnais.

O que arrebatava os Santos Reis era contemplar a plenitude da grandeza, em seu mais alto grau, num tenro Menino impassível de crescimento em sua espiritualidade. Bem ao contrário de seu adorável corpinho.

E a Igreja Militante, parte integrante do Corpo Místico de seu Fundador, se desenvolve tal qual o progresso físico d’Aquele Menino.

E como cresceu ela no ano de 2005? Este é o tema tratado nas próximas páginas.