Nada há de mais cristocêntrico que a devoção a Nossa Senhora. Este é o eixo do pensamento de São Luís Maria Grignion de Montfort, no seu admirável Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.

Já na introdução, o grande santo marial enuncia a tese que norteia todo o seu livro: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio d'Ela que Ele deve reinar no mundo”. Assim, Cristo Jesus quer reinar sobre os corações por intermédio de Maria Santíssima.

Ardoroso devoto de Grignion de Montfort, o Papa João Paulo II tem feito substanciosos comentários sobre o caráter cristocêntrico da espiritualidade montfortiana.

Certo dia, o Sumo Pontífice confidenciou: “Quando eu, como seminarista clandestino, trabalhava na fábrica Solvay, de Cracóvia, o meu diretor espiritual aconselhou-me a meditar sobre o Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”.

Li e reli muitas vezes, e com grande proveito espiritual, este precioso livrinho ascético de capa azul que se tinha manchado de soda. Ao situar a Mãe de Cristo em relação ao mistério trinitário, Montfort ajudou-me a entender que a Virgem pertence ao plano da salvação por vontade do Pai, como Mãe do Verbo encarnado, por Ela concebido por obra do Espírito Santo. Toda a intervenção de Maria na obra da regeneração dos fiéis não se põe em competição com Cristo, mas d'Ele deriva e está a seu serviço. A ação que Maria realiza no plano da salvação é sempre cristocêntrica, isto é, faz diretamente referência a uma mediação que acontece em Cristo. Compreendi, então, que não podia excluir da minha vida a Mãe do Senhor, sem desatender a vontade de Deus-Trindade, que “quis iniciar e realizar” os grandes mistérios da história da salvação com a colaboração responsável e fiel da humilde serva de Nazaré. (Discurso no 8º Colóquio Internacional de Mariologia, 13/10/2000)

Fiéis à Cátedra de Pedro e compartilhando com o Santo Padre a prática da espiritualidade montfortiana – inclusive consagrando-se, como ele, a Jesus Cristo pelas mãos de Maria –, os Arautos do Evangelho creem que a difusão da devoção à Mãe de Deus é o melhor meio de conquistar as almas para Jesus Cristo, com a solidez, o calor e a urgência que a situação de nossos dias exige.

Esta é a motivação fundamental, é a primordial razão de realizarem na Catedral de São Paulo uma solene coroação de Nossa Senhora, com toda a pompa e circunstância (inspirada em cerimônias de coroação ao longo da História), para festejarem o segundo aniversário de seu reconhecimento como Associação Internacional de Direito Pontifício.