Ao longo da História, a civilização tem passado por fa­ses que parecem repetir a vida de Nosso Senhor, incluindo “paixões”, “mortes”, “sepultamentos” e “res­sur­rei­ções”, a partir das quais brilha ainda mais intensamente do que em épocas anteriores.

Foi assim, por exemplo, com o Império Romano do século V, já então católico, que afundou golpeado pelos bárbaros, para ressurgir com um brilho maior no império de Carlos Magno.

No século IX, eis que novamente a Cristandade ameaça sucumbir pela anarquia religiosa e política, e pelas invasões dos vikings e dos mao­me­ta­nos, mas renasce ainda mais vi­gorosa na Idade Média, chegando a um patamar social e cultural nos séculos XII e XIII nunca antes atingido (foi a época em que “a filosofia do Evangelho governava os Estados”, no dizer do Papa Leão XIII).

E entre altos e baixos, chegamos ao nosso tempo, após uma longa decadência. E, sob muitos aspectos, atingimos o ponto mais baixo desde aquele dia em que Cristo ressuscitou.

Em face do crescente caos, da incerteza e da insegurança, de acontecimentos escandalosos e dolorosos, às vezes vacilamos. Somos atraídos pelo desânimo, como aconteceu com os apóstolos naqueles dias em que Nosso Senhor jazia no sepulcro.

Que grande equívoco! Embora devamos saber ver toda a gravidade da situação que nos rodeia, temos de manter a certeza inaba­lável de que, como Cristo venceu a morte, também serão superadas com sua graça as dificuldades da hora presente.

Muitos santos, entre os quais São Luís Maria Grignion de Montfort — um dos mestres espirituais preferidos do Papa João Paulo II — anunciaram o advento de um período glorioso para a Santa Igreja Católica, no qual Maria Se tornará, como nunca an­tes, a Rainha dos corações.

Será o triunfo de seu Imaculado Coração, previsto por Ela mes­ma em Fátima, o Reino de Maria, época na qual Deus derramará sobre o mundo graças extraordinárias.

Possamos nós, desde já, sob a guia e o amparo de Nossa Senhora, neste mês cultuada sob a invocação de Mãe do Bom Conselho, anun­ciar a Boa Nova aos homens de nosso tempo, levando-lhes uma palavra de Fé e de confiança.

Assim estaremos entre aqueles que o Papa denominou de “sentinelas da manhã, nesta aurora do novo milênio” (Novo Millennio Ineunte, 9).