O dia 1º de maio nos traz, no calendário da Santa Igreja, o dia dedicado a São José Operário, patrono do trabalho.

Porém, o que faz do trabalho, esta atividade intensa e extenuante, ser considerada santa?

Não era o plano inicial do Senhor que o homem não trabalhasse?

Que vivesse para o seu louvor?

É o que responde a Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo contemporâneo, do Concílio Vaticano II.

Este trecho é trazido pela Liturgia das Horas, livro de orações destinado ao uso dos sacerdotes e consagrados à Santa Igreja.

A atividade humana no mundo

“Por seu trabalho e inteligência, o homem procurou sempre mais desenvolver a sua vida.

Hoje em dia, porém, ajudado antes de tudo pela ciência e pela técnica, ele estendeu continuamente o seu domínio sobre quase toda a natureza; e, principalmente, graças aos meios de intercâmbio de toda espécie entre as nações, a família humana pouco a pouco se reconhece e se constitui como uma só comunidade no mundo inteiro.

Diante deste esforço imenso, que já penetra a Humanidade inteira, surgem muitas perguntas entre os homens.

Qual é o sentido e o valor desta atividade?

Como todas estas coisas devem ser usadas?

Qual a finalidade desses esforços, sejam eles individuais ou coletivos?

A Igreja, guardiã do depósito da Palavra de Deus, que é a fonte dos seus princípios de ordem religiosa e moral, deseja unir a luz da revelação à competência de todos, para iluminar o caminho no qual a Humanidade entrou recentemente.

Para os fiéis é sabido que a atividade humana individual e coletiva, aquele imenso esforço com que os homens, no decorrer dos séculos, tentaram melhorar as suas condições de vida, considerado em si mesmo, corresponde ao plano de Deus.

Com efeito, o homem, criado à imagem de Deus, recebeu a missão de dominar a terra com tudo o que ela contém e de governar o mundo na justiça e na santidade, isto é, reconhecendo a Deus como Criador de todas as coisas, orientando para ele o seu ser e todo o universo; assim, com todas as coisas submetidas ao homem, o nome de Deus seja glorificado na terra inteira”.

No trabalho cotidiano, a beleza dos desígnios divinos

“Isto diz respeito também aos trabalhos cotidianos.

Pois os homens e as mulheres que, ao procurar o sustento para si e suas famílias, exercem suas atividades de maneira a bem servir à sociedade, têm razão para ver no seu trabalho um prolongamento da obra do Criador, um serviço a seus irmãos e uma contribuição pessoal para a realização do plano de Deus na História.

Portanto, bem longe de pensar que as obras produzidas pelo talento e esforço dos homens se opõem ao poder de Deus, os cristãos, pelo contrário, estão convencidos de que as vitórias do gênero humano são um sinal da grandeza de Deus e fruto de seus inefáveis desígnios.

Donde se vê que a mensagem cristã não afasta os homens da tarefa de construir o mundo nem os leva a negligenciar o bem de seus semelhantes; mas, antes, os impele a sentir esta obrigação como um verdadeiro dever”.