Quando o Menino Jesus completou um ano de idade, deu-se um fato que marcou a fundo a alma de São José: ouviu dos lábios divinos algo que lhe emocionou e muito.

Embora Nosso Senhor tivesse desde o primeiro instante de sua concepção o mais pleno conhecimento, Ele em tudo desejava manifestar-Se ao mundo como verdadeiro homem.

Portanto, durante os primeiros meses de vida, Ele não falava com seus pais senão por comunicações místicas interiores.

São José ouviu: "Abba!"

Certo dia, entretanto, estendendo os sagrados bracinhos para seu pai virginal, Ele balbuciou, com o encanto que bem se pode imaginar, sua primeira palavra em aramaico: "Abba!", isto é, "Papai!".

São José, que possuía um coração dedicado e de grande sensibilidade, não pôde conter as lágrimas e, com muita humildade, interrogou a Nossa Senhora se ele também deveria chamar Jesus de "meu Filho".

A resposta de Maria foi, obviamente, afirmativa!

O Santo Patriarca percebia que, quando o Menino o chamava de "pai", não o fazia por obrigação ou conveniência, mas porque o considerava realmente pai.

Existia entre os dois um vínculo forte, profundo e íntimo, como se algo da Alma divina de Jesus se ligasse à sua, intensificando a união entre ambos.

São José sentia-se e era, de fato, seu pai mais que se O houvesse gerado, pois tinham inteira consonância de alma, por essa paternidade muito mais entranhada que a natural.

Desse modo, cada vez que Jesus chamava-o de "pai", dava-se em sua nobre alma um misto de sentimentos: por um lado, sentia a seriedade do chamado feito pela Providência de ser pai de Deus; mas, por outro, notava emanar d'Ele tanto carinho e tanta compaixão que ficava absolutamente tranquilo, pois sabia que viriam de seu próprio Filho as forças para cumprir adequadamente a altíssima missão de protegê-Lo e de servir à sua perfeitíssima Mãe.

(Monsenhor João Clá Dias, EP. São José: Quem o conhece?...)